quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

COMO FORMAR UM CLUBE DE TROCA

A formação de um clube de troca em uma dada comunidade reveste-se de uma importância muito grande. A relevância de tal criação decorre do papel que este instrumento de prática econômica solidária poderá exercer no futuro das pessoas envolvidas.

Tão importante quanto falar sobre uma nova prática econômica é praticá-la. Desta maneira, ao vivenciar a solidariedade, a equidade e a partilha em um dado coletivo, através de atividades produtivas cotidianas, será possível convencer a todos que o esforço produtivo coletivo, voltado à consecução de objetivos comuns, será infinitamente maior que o somatório dos esforços individuais.

Dessa forma, como estratégia de sobrevivência, a criação de um clube de troca por uma coletividade, dada à força argumentativa da prática econômico-social, deverá revestir-se de um caráter inovador na localidade.

Isto posto, importa traçar, em seguida, alguns passos que deverão possibilitar a criação de um clube de troca.

Uma primeira questão básica é saber se existem pessoas na localidade que desejem a criação de um clube de troca local. Sendo detectado, através de um levantamento, um número mínimo de pessoas que tenham algum conhecimento do funcionamento de um clube de troca e desejem maiores informações, ou que desconheçam seu funcionamento, mas tenham interesse em conhecê-lo, já é suficiente para, através de reuniões, tornar explícitos alguns pressupostos estruturais de um clube de troca, tais como:

i) Todo produtor é também consumidor. Ou seja, os associados deverão constituir demanda e oferta dos produtos, serviços e saberes transacionados no clube de troca, visto que a reciprocidade gera a vida social;
ii) A presença nas reuniões, por ser um instrumento de difusão do modelo, poderá ser um critério para a associação no clube de troca;
iii) Ninguém será dono do clube de troca. Este deverá ser entendido como um instrumento de inserção econômica dos membros da comunidade, no qual o trabalho deverá sempre atuar como referência;
iv) Deverá ser dada ênfase a criatividade dos associados, visto que o surgimento de práticas inovadoras sociais deverá ser indutor da emancipação e desenvolvimento locais;
v) Deverá ser reservado cerca de 30 minutos ao final de cada feira de trocas para que haja uma auto-avaliação dos acertos e do que precisa ser melhorado nas próximas feiras de troca.

Uma segunda ação também importante deverá ser a elaboração de um levantamento dos produtos, serviços e saberes que poderão ser ofertados na primeira feira de trocas solidárias.

Uma prática complementar ao levantamento sugerido no tópico anterior, deverá ser a elaboração de um “Classificados Solidários”, no qual, os associados listarão nome, endereço, formas de contato (telefone, e-mail, por exemplo) e, principalmente, o que sabe e deseja produzir, além dos produtos, serviços e saberes a serem demandados. Em muitas localidades, a elaboração simples desta listagem já desencadeia um conjunto significativo de transações.

Uma outra ação necessária será a definição de uma Diretoria, com caráter rotativo, para que todos os associados tenham oportunidade de conhecer e opinar sobre a estrutura administrativa do clube de troca.

A Diretoria deverá adquirir alguns livros para controle das operações do clube de troca, tais como livro de Cadastramento dos Sócios, Movimentação Financeira (nas feiras e nas despesas de funcionamento do clube de troca), Atas das Reuniões e outros que se façam necessários.

Outra ação que deverá ser tomada pelos associados será a definição da moeda social (nome, forma, cor e valores). Inicialmente será utilizada uma moeda provisória, sendo esta, posteriormente substituída por outra de caráter permanente.

Outra questão relevante será a divulgação da feira, estabelecimento da Comissão de Recepção dos Freqüentadores, e a instalação do embrião do Banco Social, que emitirá as moedas sociais provisórias.

A definição da data, hora, local e demais condições de funcionamento da primeira feira de trocas solidárias será praticamente “o abre alas” para o início do clube de trocas.

Questões menores, mas também importantes, surgirão ao longo da instalação da primeira feira e serão resolvidas pelo coletivo.

No mais, é acreditar no trabalho coletivo voltado à inclusão sócio-econômica e cultural de todos.

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