quinta-feira, 5 de março de 2009

"DE PEQUENINO É QUE SE TORCE O PEPINO"

Ao se buscar definir a idade adequada para a introdução da educação financeira junto às crianças, há um adágio popular bastante oportuno. Qual seja: “De pequenino é que se torce o pepino”.

O intuito, portanto, desse artigo, é ensinar, o quanto antes, conceitos e condutas que habilitem as crianças a entender o dinheiro como solução, e não como problema em suas vidas.

Isto posto, listo em seguida, alguns indicativos de condutas que considero adequados.

1- Quanto mais cedo aprender, mais consistente será a prática

Muitas crianças sabem que há muito dinheiro nos caixas eletrônicos, por exemplo. Isto decorre da percepção de que as pessoas para lá se dirigem, introduzem seus cartões e, como num passe de mágica, surgem as notas.

O que muita criança não sabe, contudo, é que o dinheiro retirado, quase sempre é originado na labuta diária de seus entes queridos. Há um provérbio adequado para explicar isto: “Dinheiro não nasce em árvore”. A origem é outra. Seu nome é trabalho.

Explicar a importância do trabalho na estrutura familiar, quer seja externamente (na obtenção de rendimentos), quer seja internamente (na execução das tarefas domésticas), torna-se oportuno para solidificar a consciência de que todos os membros da família têm parcela significativa de compromisso na boa gestão da casa, além, é claro, do orçamento familiar. Assim, da mesma forma que o pai e a mãe têm funções fora e dentro do lar, os filhos também as terão. Fazer pequenas compras no mercadinho, levar uma encomenda no Correio, comprar pão na padaria ou fazer a arrumação de seu quarto, por exemplo, são tarefas que representarão a contribuição dos filhos para o adequado funcionamento da casa. Fazer demais pelos filhos, geralmente, estimula maus hábitos.
Pelo exposto, as atividades desenvolvidas pelas crianças devem ser vistas como um compromisso, não um favor. Deve-se, portanto, desde a mais tenra idade, atentar para as vantagens do compromisso coletivo no exercício do trabalho.

2- O uso adequado do dinheiro, pressupõe a consciência exata de seu valor

Todos convivemos com restrição orçamentária[1]. Logo cedo, a criança também deverá saber que não terá tudo aquilo que deseja. Ideal será se obtiver tudo o que necessita.

Além do aspecto da escassez do dinheiro, a criança precisa aprender que o consumo exacerbado de produtos contribuirá para a escassez dos recursos naturais, assim como também para o problema da super produção do lixo, um problema pertinente tanto para as megalópoles, como para as cidades de pequeno porte[2]. Ainda sobre o consumo em larga escala, típico das sociedades de consumo[3], importa informar aos “pirralhos”que toda produção envolve o dispêndio de energia, e que, sua geração, via de regra, implica em forte impacto ambiental, desequilibrando os ecossistemas.



3- Aprende-se a fazer, fazendo

Isto explica porque quanto mais cedo a criança tiver autonomia na gestão de sua renda, mais precocemente saberá que precisa aprender a programar seus gastos de forma compatível à durabilidade de sua renda.

Como o aprendizado da programação dos gastos não é de imediata assimilação, uma alternativa recomendável é, inicialmente, transformar a mesada em semanada, visto que compatibilizar despesas e receitas semanais tornar-se-á menos penoso ao aprendiz.

4- Não confundir meios com fins

Nunca é demais alertar que o dinheiro deve sempre ser visto como solução, nunca como problema.
Isto posto, quando bem administrado, deverá funcionar como instrumento que possibilite o acesso a consecução de metas e objetivos, voltados às situações prazerosas. Para isto o dinheiro não deve ser entendido como fim. Até porque, quem estabelece a obtenção do dinheiro como meta, via de regra, torna-se escravo do vil metal, abstendo-se, consequentemente, do consumo de produtos, serviços e atividades lúdicas.

No mais, é curti-las como instrumentos que são da perpetuação da vida.


[1]Aqui entendido como a disponibilidade limitada de recursos para atender necessidades múltiplas, variadas e crescentes.
[2]Segundo a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), um em cada três aterros de cidades com mais de 100 mil habitantes de São Paulo está com sua vida útil esgotada.
[3]A característica marcante das sociedades de consumo é a existência da produção e consumo ilimitado de bens duráveis, sobretudo supérfluos.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

VAMOS IMPRIMIR DINHEIRO?

O imaginário popular está cheio de provérbios citando o dinheiro. Eis alguns:

1) “Dinheiro não traz felicidade, manda buscar”.
2) “Tempo é dinheiro”.
3) “Dinheiro e mulher bonita, governam o mundo”. E muitos outros do gênero.

Ora! Se dinheiro é tudo isso, e, como o vil metal está raro para muita gente, só me resta fazer um convite ao amigo leitor: Vamos fazer dinheiro?

Antes, porém, seria interessante procurar entender por que os ricos estão cada vez mais ricos e, inversamente, por que os pobres estão cada vez mais pobres?

Para entender essa visível contradição torna-se oportuno observar que, cerca de 95% de todo o numerário em circulação na economia mundial, encontra-se concentrado nas atividades financeiras especulativas.[1]. Isto explica porque tantas economias debilitadas são privadas de recursos para realizar investimentos produtivos, com repercussões perversas na qualidade de vida de suas populações.

Uma outra questão relacionada à concentração mundial da renda, decorre do fato do dinheiro ganhar vida no capitalismo. Isto explica porque, dada as ações protagonizadas pelas inversões financeiras, o dinheiro gera mais dinheiro, através dos juros, elevando assim a riqueza de seus possuidores.

Importa observar que, ao chamar o público leitor para imprimir dinheiro, na verdade eu falo do chamado dinheiro social, que, ao contrário do meio circulante oficial, não gera exclusão, mas seu inverso, a inclusão econômico-social.

Os indecisos que ainda não definiram se vão ou não aceitar o convite feito acima, muito provavelmente estarão se perguntando: - Mas então o que são e como funcionam as moedas sociais?

Vamos por parte. Moedas sociais são instrumentos emitidos e administrados por seus usuários, membros associados de coletivos, que se pautam por princípios de cooperação, solidariedade e justiça social, atuando de forma complementar ao meio circulante oficial. Portanto, seu uso faz economizar a utilização das moedas correntes, ampliando, por conseguinte, a capacidade de compra do consumidor.

Algo salta à vista de imediato: as moedas sociais favorecem a produção e não a especulação. Isto porque tais moedas não geram o pagamento de juros[2], não induzindo, por sua vez à sua acumulação. Seu valor não é intrínseco, mas está em estimular os fluxos de produção, circulação e consumo de produtos, serviços e saberes nas economias locais.

As moedas sociais são freqüentes nos clubes de troca, estimulando e incluindo, no processo produtivo, elevado contingente de trabalhadores não absorvidos pela economia formal, expulsos pela modernização produtiva (os não tão jovens) ou, impedidos de entrar, por falta de experiência (aqueles mais jovens).

Nas comunidades que avançaram em seu grau de organização, o uso da moeda social tem seu raio de ação ampliado, promovendo ações de forte viés emancipatório, com a criação dos chamados bancos comunitários[3]. Dentre estes, destacam-se, dois exemplos exitosos: o Banco da Aldeia, em Bangladesh, na Ásia e, no Brasil, o Banco Palmas, na periferia de Fortaleza-Ceará.

Importa ainda salientar que o uso da moeda social tem grande caráter pedagógico, tornando explicitas as relações que permeiam o uso da moeda oficial e seu papel no fortalecimento da economia capitalista, excluindo, por via da conseqüência, as condições de promoção do bem viver coletivo.

O uso da moeda social, por estar relacionado à demanda na economia local, fortalece a geração de trabalho e renda, permitindo, a um maior número de pessoas, produzir e consumir de forma consciente, criando condições de empoderamento[4] de pessoas e comunidades.
Portanto, a criação de moeda social é conseqüência da conscientização de que, as verdadeiras mudanças sociais não acontecem ao acaso e, muito menos, fruto da ação individual de algum “iluminado”, porém, ao contrário, através de práticas coletivas com foco no ser humano, e que possibilitem o bem viver coletivo.

Depois dessas considerações é oportuno voltar ao começo da conversa: Vamos imprimir dinheiro?




[1] Disponível em http://www.geranegócio.com.br/html/geral/microcrédito/trocaed.html, acessado em 23 de fevereiro de 2009.
[2] Há uma corrente de pensadores, tendo à frente o austro-alemão Sílvio Gesell (1862-1930), que propõe que a moeda social deva gerar juros negativos, estimulando, dessa forma, o exercício da função maior da moeda, qual seja a intermediação das trocas.
[3] Existem hoje no Brasil, cerca de 35 bancos sociais, segundo dados recentes da Secretaria Nacional de Economia Solidária – SENAES.
[4] Entendido como as condições nas quais as pessoas aprendem que o poder está com elas e com seu coletivo.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

COMO FORMAR UM CLUBE DE TROCA

A formação de um clube de troca em uma dada comunidade reveste-se de uma importância muito grande. A relevância de tal criação decorre do papel que este instrumento de prática econômica solidária poderá exercer no futuro das pessoas envolvidas.

Tão importante quanto falar sobre uma nova prática econômica é praticá-la. Desta maneira, ao vivenciar a solidariedade, a equidade e a partilha em um dado coletivo, através de atividades produtivas cotidianas, será possível convencer a todos que o esforço produtivo coletivo, voltado à consecução de objetivos comuns, será infinitamente maior que o somatório dos esforços individuais.

Dessa forma, como estratégia de sobrevivência, a criação de um clube de troca por uma coletividade, dada à força argumentativa da prática econômico-social, deverá revestir-se de um caráter inovador na localidade.

Isto posto, importa traçar, em seguida, alguns passos que deverão possibilitar a criação de um clube de troca.

Uma primeira questão básica é saber se existem pessoas na localidade que desejem a criação de um clube de troca local. Sendo detectado, através de um levantamento, um número mínimo de pessoas que tenham algum conhecimento do funcionamento de um clube de troca e desejem maiores informações, ou que desconheçam seu funcionamento, mas tenham interesse em conhecê-lo, já é suficiente para, através de reuniões, tornar explícitos alguns pressupostos estruturais de um clube de troca, tais como:

i) Todo produtor é também consumidor. Ou seja, os associados deverão constituir demanda e oferta dos produtos, serviços e saberes transacionados no clube de troca, visto que a reciprocidade gera a vida social;
ii) A presença nas reuniões, por ser um instrumento de difusão do modelo, poderá ser um critério para a associação no clube de troca;
iii) Ninguém será dono do clube de troca. Este deverá ser entendido como um instrumento de inserção econômica dos membros da comunidade, no qual o trabalho deverá sempre atuar como referência;
iv) Deverá ser dada ênfase a criatividade dos associados, visto que o surgimento de práticas inovadoras sociais deverá ser indutor da emancipação e desenvolvimento locais;
v) Deverá ser reservado cerca de 30 minutos ao final de cada feira de trocas para que haja uma auto-avaliação dos acertos e do que precisa ser melhorado nas próximas feiras de troca.

Uma segunda ação também importante deverá ser a elaboração de um levantamento dos produtos, serviços e saberes que poderão ser ofertados na primeira feira de trocas solidárias.

Uma prática complementar ao levantamento sugerido no tópico anterior, deverá ser a elaboração de um “Classificados Solidários”, no qual, os associados listarão nome, endereço, formas de contato (telefone, e-mail, por exemplo) e, principalmente, o que sabe e deseja produzir, além dos produtos, serviços e saberes a serem demandados. Em muitas localidades, a elaboração simples desta listagem já desencadeia um conjunto significativo de transações.

Uma outra ação necessária será a definição de uma Diretoria, com caráter rotativo, para que todos os associados tenham oportunidade de conhecer e opinar sobre a estrutura administrativa do clube de troca.

A Diretoria deverá adquirir alguns livros para controle das operações do clube de troca, tais como livro de Cadastramento dos Sócios, Movimentação Financeira (nas feiras e nas despesas de funcionamento do clube de troca), Atas das Reuniões e outros que se façam necessários.

Outra ação que deverá ser tomada pelos associados será a definição da moeda social (nome, forma, cor e valores). Inicialmente será utilizada uma moeda provisória, sendo esta, posteriormente substituída por outra de caráter permanente.

Outra questão relevante será a divulgação da feira, estabelecimento da Comissão de Recepção dos Freqüentadores, e a instalação do embrião do Banco Social, que emitirá as moedas sociais provisórias.

A definição da data, hora, local e demais condições de funcionamento da primeira feira de trocas solidárias será praticamente “o abre alas” para o início do clube de trocas.

Questões menores, mas também importantes, surgirão ao longo da instalação da primeira feira e serão resolvidas pelo coletivo.

No mais, é acreditar no trabalho coletivo voltado à inclusão sócio-econômica e cultural de todos.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

OS CLUBES DE TROCA E A EXPANSÃO DA ECONOMIA SOLIDÁRIA

(Parte I)
I - ALGUNS CONCEITOS BÁSICOS

A expansão de atividades típicas de economia solidária no Brasil se dá a partir dos anos 1980 e 1990, período denominado como “as décadas perdidas”, visto que, em conseqüência das mudanças econômicas no mundo desenvolvido, mais especificamente na economia norte-americana
[1], as economias subdesenvolvidas, dentre estas, a brasileira, passaram a amargar variações do PIB próximas de zero, acarretando situações adversas com forte impacto na deterioração da qualidade de vida de seus habitantes.

As práticas de economia solidária vão desde as produções e formas de comercialização com foco na equidade, partilha e respeito ao meio ambiente, utilizando-se de associações e cooperativas populares, passando por empresas autogestionadas, [2] a formação de cadeias e redes produtivas e, principalmente, pela formação de clubes de trocas solidárias, geralmente atreladas ao uso de moedas sociais e bancos comunitários ou sociais.

Entende-se por clubes de trocas às associações dos chamados prossumidores[3], geralmente moradores de uma dada comunidade local, os quais produzem e consomem produtos, serviços e saberes internamente, recriando espaços econômicos para produtores que, por condições como idade, qualificação e inexperiência laboral formalizada são expulsos ou impedidos de fazerem parte da economia de mercado.

Os clubes de trocas solidárias aparecem como uma forma de resistência criada pelos trabalhadores a um contexto de exclusão, originado pela concorrência capitalista, visto que as funções de produção[4] decorrentes dessa disputa são, invariavelmente, intensivas em capital e, consequentemente, excludentes de mão de obra.

Tais clubes de trocas ao serem criados fazem uso das feiras de trocas solidárias, onde, invariavelmente, ocorrem múltiplas transações, sem uso do chamado dinheiro (ou moeda) oficial e, o que é mais importante, sem a intensão de ganhar impondo perdas ao outro participante da transação. Na necessidade de dinheiro para permitir, através do troco, as permutas de bens de valores distintos, são utilizadas exclusivamente as moedas sociais, criadas por cada clube de troca.

Na criação de tais moedas, ou mais especificamente, na definição do nome, formato, cores e representações contidas nas mesmas, há toda uma preocupação de fazer representar as características, lutas, conquistas e identidades da comunidade. Isto explica, por exemplo, porque no município de Valença, no Rio de Janeiro, a moeda social criada pelo clube de troca local denomina-se Coroados. Segundo documentos da história local, Coroados era a denominação da tribo que originalmente habitou a região. Portanto, além de instrumento de troca, a moeda social funciona como instrumento de valorização da cultura local.

As moedas sociais funcionam, inicialmente, como um crédito fornecido pelo embrião do banco social local aos associados, permitindo o surgimento de um contexto de abundância, onde antes havia um contexto de escassez.

Vale lembrar que o dinheiro (aqui considerado como oficial) foi criado para facilitar e potencializar as trocas, assumindo, inicialmente, funções como intermediário ou meio de troca, reserva de valor e instrumento de entesouramento.

O contexto de escassez acima citado, decorre da concentração dos meios de pagamento (dinheiro) nas mãos de poucos, visto que cerca de 95% do capital mundial está a serviço da especulação financeira.[5] Tal entendimento é reforçado por Klagsbrunn ao afirmar que “...constata-se um aumento do peso relativo da esfera financeira da riqueza, pois o volume de seus valores aumenta mais que proporcionalmente ao capital produtivo”. (2004, p.19).

A expansão e hegemonia do sistema capitalista, enquanto modo produtivo provocou mudanças, tendo, no predomínio quase exclusivo da produção voltada aos mercados (mercadorias), sua principal característica. Considerando que o acesso a tais mercadorias se dá em conseqüência da posse do dinheiro, deduz-se que sua não obtenção, implica, necessariamente, numa situação de carência, excluindo, dessa forma, do consumo, parcela significativa da população, a qual irá compor seu contingente destituído de condições básicas de sobrevivência. [6]
II - A ORIGEM HISTÓRICA DO CLUBE DE TROCA

A origem dessa estrutura de negociação posteriormente denominada clube de trocas solidárias, ocorreu na cidade de Vancouver, no Canadá, em virtude da grande crise na indústria florestal, iniciada na década de 1970, que acabou por provocar o fechamento de inúmeras empresas madeireiras, tidas como importantes fontes geradoras de emprego, o que acarretou séria crise econômico-social.

A alternativa encontrada pelos trabalhadores desempregados, logo apoiada pelos agentes econômicos locais, foi a instituição de trocas generalizadas, possibilitando a manutenção de parte do poder de compra da comunidade. O uso de moedas locais foi conseqüência da necessidade de expansão das trocas, as quais envolviam números crescentes de agentes econômicos. Uma característica comum existente tanto nos clubes de trocas inicialmente introduzidos no Canadá, quanto nos atuais, instalados em praticamente todo o mundo, decorre da inexistência de uma fórmula única, pré-estabelecida, para ser instalada em distintas localidades. Torna-se consensual que cada clube de troca local deve estabelecer ações solidárias em sintonia com as especificidades locais.


[1] Desvinculação do dólar ao padrão ouro, realização da primeira desvalorização do dólar no período pós-guerra, elevação extorsiva das taxas de juros internacionais e deterioração dos termos de intercâmbio.
[2] Empresas autogestionadas são aquelas cujos trabalhadores respondem pela produção e gestão, dentro de uma estrutura democrática, onde todos têm acesso às informações, sendo que as decisões, principalmente aquelas tidas como mais relevantes, são tomadas em assembléias gerais, nas quais todos têm igual poder de decisão.
[3] Alvin Toffler, em seu livro A Terceira Onda, criou a denominação prossumidores, para definir as pessoas que simultaneamente atuam como produtoras e consumidoras.

[4] Entende-se por função de produção a relação entre a produção de um bem e os fatores de produção utilizados em sua geração.
[5] Disponível em http://www.geranegócio.com.br/html/geral/microcrédito/trocaed.html, acessado em 23 de fevereiro de 2009.
[6] Isto explica porque, no capitalismo, quem tem dinheiro tudo pode. Quem não tem dinheiro, mas tem crédito, tudo pode também. Agora, quem não tem dinheiro, nem crédito, que é a condição da maioria, nada pode no sistema capitalista.

domingo, 22 de fevereiro de 2009

NINGUÉM, ALÉM DE VOCÊ, PODERÁ DAR OS PASSOS NECESSÁRIOS PARA SANEAR SUAS FINANÇAS

Não é novidade afirmar que parcela significativa da população brasileira está endividada. Também é lugar comum a assertiva de que tudo seria muito diferente, com menos consumo por impulso e mais compras planejadas, se houvessem estímulos e condições efetivas de acesso à educação financeira para todos.

Embora seja notório saber que a incapacidade de controle financeiro não é um fenômeno particular, individualizado, mas um fenômeno generalizado no atual contexto nacional, isso, por si só, não resolve a situação deficitária de ninguém. A consciência do descontrole de muitos, contudo, retira o peso da consciência, pois, segundo dados recentes do Banco Central, cerca de 80 milhões de clientes do sistema financeiro nacional estão endividados, quando não, inadimplentes, impossibilitados parcial ou integralmente de honrarem seus compromissos nos prazos acordados.

Pela magnitude do problema, acredito ser oportuno, uma vez mais, fazermos algumas sugestões para nortear os consumidores, na perspectiva de dar alguns passos que permitam transformar finanças descontroladas em finanças sadias.

1- QUANDO USAR SEU CARTÃO DE CRÉDITO

Quando não houver disponibilidade momentânea para quitar a compra de um bem ou serviço de extrema urgência. Por exemplo, compra de um remédio, pagamento de uma consulta médica, aquisição de parte do vestuário necessário à freqüência de algum evento, pagamento relativo a uma viagem inesperada etc.
É importante só utilizar tal recurso na certeza que terá disponibilidade financeira no prazo de vencimento da fatura do cartão.

2- PRIORIZE O PAGAMENTO DAS CONTAS QUE IMPLIQUEM EM DESPESAS ADICIONAIS

Quando tiver impossibilidade de quitar todas as dívidas, pague prioritariamente àquelas que gerem gastos adicionais (juros, multa, taxas financeiras ou despesas similares).



3- CREDOR NÃO AGE MOVIDO POR BONDADE, MAS, POR INTERESSE

Não se iluda com a armadilha do pagamento da parcela mínima do cartão de crédito. Neste caso você apenas estará pagando os juros relativos ao mês da cobrança. Não esqueça que no mês subseqüente o valor da dívida não quitada virá adicionado ao valor do pagamento em questão. Portanto, se no mês corrente você teve dificuldade de pagamento, no mês seguinte esta dificuldade deverá ser maior.

4- PREVENIR É MELHOR QUE REMEDIAR

Quando possível, constitua um fundo para pagamento de suas despesas eventuais, além daquelas referentes a seus dependentes diretos.
No tocante ao valor total de tais reservas, é recomendável, no mínimo, que estas permitam saldar despesas relativas a um período de três meses.

5- EXISTEM SAÍDAS NEGOCIADAS

Ao perceber-se em uma situação insustentável, qual seja, quando sua renda não for suficiente para abater parte da dívida mensal, procure com urgência algum profissional da área de Educação Financeira para conhecer as alternativas disponíveis. Uma saída vantajosa deverá ser pagar os compromissos em atraso com um novo empréstimo, visto que, via de regra, a taxa de juros incidentes em tais empréstimos são substancialmente menores que as relativas ao atraso considerado.

Com a certeza que tais considerações poderiam ser enriquecidas com inúmeras informações complementares, espera-se, contudo, que as mesmas provoquem um desejo de aprofundamento, cumprindo, dessa maneira, seu papel de deflagrar discussões futuras nesta temática que a cada dia mostra-se mais importante na qualidade de vida de muitos brasileiros.