Um tema importante na educação financeira das crianças é o papel exercido pela mesada. Seu uso irá proporcionar conhecimentos a respeito da restrição orçamentária[1], do conceito de utilidade, da necessidade de hierarquização na satisfação das necessidades[2] e, por fim, das vantagens decorrentes de se ter um orçamento equilibrado[3].
Como geralmente os princípios da educação financeira não são transmitidos na família, nem na escola, torna-se compreensível que a criança, vivendo num contexto típico de uma sociedade de consumo[4], tenha uma prática gastadora. Neste caso, além da educação financeira, recomenda-se um aprendizado empírico, conseqüente da prática de erros e acertos. À guisa de exemplo, supondo um fato comum, que a criança, após receber sua mesada, gaste-a num curto espaço de tempo, é importante que a mesma permaneça sem dinheiro até o recebimento da mesada seguinte. A lição a ser assimilada é que é necessário fazer com que a renda perdure pelo intervalo de tempo entre os recebimentos, e que, em conseqüência da abundância de produtos e serviços ofertados, sempre haverá a necessidade de um planejamento mínimo, hierarquizando, por ordem de importância, os gastos a serem realizados.
Em alguns casos, tornar-se-á difícil para uma criança não habituada à prática de planejamento orçamentário, programar seus gastos ao longo do mês. Neste caso, recomenda-se substituir a mesada pela semanada.
Por fim, como o erro assume um papel positivo no processo de aprendizado, nunca é demais repetir que os adultos deverão deixar que a decisão do que fazer com a mesada, ou semanada, seja de competência exclusiva da criança. Desta maneira, ela aprenderá, desde cedo, que ao longo de sua vida, estará sempre fazendo opções que impactarão em seu dia a dia.
[1] Entende-se por restrição orçamentária o fato dos agentes contarem com rendas finitas para suprirem carências relacionadas a objetos de expressão material ou não, de aspiração não realizada.
No contexto em questão, a restrição orçamentária será dada pelo valor da mesada.
[2] Hierarquizar a satisfação das necessidades é, acima de tudo, estabelecer uma ordem de prioridade na satisfação das mesmas.
[3] Entende-se por orçamento equilibrado a um contexto em que os gastos não excedam aos recebimentos.
[4] Entende-se por sociedade de consumo um contexto social caracterizado pela produção e consumo exacerbado de bens de consumo duráveis, sobretudo os supérfluos. Neste contexto, o poder de persuasão da mídia exerce um papel importante no escoamento das mercadorias, através das campanhas publicitárias.
