domingo, 14 de fevereiro de 2010

ECONOMIA PARA A VIDA E NÃO PARA A MORTE

Ao ler no endereço www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod o artigo intitulado Economia para a vida e não para a morte de Frei Gilvander L. Moreira e Irmã Maria do Rosário O. Carneiro, referente ao tema da Campanha da Fraternidade 2010,faço as considerações abaixo, que gostaria de compartilhar com os leitores desse blog.


Vejam só que coincidência. Há alguns dias, eu elaborei uma atividade para um curso da Plataforma Moodle da UFSJ - Universidade Federal de São João del-Rei denominando-a de Uso do Paradigma da Economia Solidária Como Instrumento de Preservação da Vida. E, embutida nessa proposta, está a qualificação de um grande número de pessoas para raciocinar, se organizar e produzir coletivamente, com base nos princípios da Economia Solidária, contribuindo para a difusão e expansão do movimento.

Como há algumas identidades entre o artigo Economia para a Vida e não para a Morte, e o curso (incluindo o material) por mim proposto, passo, em seguida, a fazer algumas considerações ao texto do Frei Gilvander Moreira e da Irmã Maria do Rosário que, de certa forma serão abordados no curso.

Os autores do texto em questão foram precisos em apontar a atividade laboral capitalista como algo destituída de prazer, repetitivo e alienador, além de gerar um rendimento diminuto, de pequeno efeito, no que diz respeito à melhoria do bem viver do trabalhador. Isso explica porque os autores classificam tal atividade como uma escravidão dissimulada.

A supervalorização continuada do lucro e da acumulação de capital, que caracterizam a chamada “lucronomia”, capitaneada pelas empresas transnacionais e grandes capitais financeiros, denunciada pela Campanha da Fraternidade da CNBB, ilustra, de forma inconteste, o tratamento desigual recebido pelos diferentes agentes econômicos. Assim, enquanto os camelôs sofrem a ação incansável dos truculentos e insensíveis fiscais, que recolhem aos depósitos das prefeituras as mercadorias, cujas vendas possibilitariam a sua sobrevivência e de seus familiares, os agentes financeiros que praticam gestões fraudulentas de seus negócios, são prontamente socorridos pelos fartos recursos públicos, ou seja, do povo. A guisa de lembrança, convém recordar do famigerado Programa de Estímulo á Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional – PROER, implantado no governo de Fernando Henrique Cardoso, que entre 1995 a 2001, destinou cerca de R# 112 bilhões ao sistema financeiro, socializando, dessa forma, a dívida dos bancos Econômico, Excel, Marka e FonteCidam.

A busca individual de solução caracterizada pela opção da economia informal, dá provas cabais da necessidade de agir coletivamente. Individualmente, os trabalhadores ambulantes são fracos, por esse motivo, urge a organização dos trabalhadores em empreendimentos coletivos. Isso posto, Moreira e Carneiro demonstrando que muitos trabalhadores já perceberam as conveniências da força do coletivo afirmam que “... a multidão dos que acreditam na Economia Solidária cresce dia a dia”.

A crítica feita a economia capitalista neoliberal, que centraliza os ganhos nas elites em detrimento da pobreza, seja ela relativa, absoluta ou extrema, comprova a necessidade de organização e reivindicação dos excluídos pela distribuição do bolo econômico, haja vista que a economia brasileira faz parte do ranking das dez maiores economias industriais do planeta e, contraditoriamente, é apontada como o lócus de uma das maiores concentrações de riqueza do mundo..

Nunca é demais citar o filósofo e frade dominicano italiano Giordano Bruno (1548 - 17 de fevereiro de 1600) que, diante do tribunal que julgava o teor de suas teses, afirmou que errara apenas, ao agir ingenuamente, pedindo aos detentores do poder que o reformasse. Deixando, portanto, implícito, que poder não se pede, se conquista com consciência, organização e ação política.

Por fim, a proposição do Fórum Brasileiro de Economia Solidária – FBES de colher assinaturas para elaborar um Projeto de Lei de Iniciativa Popular objetivando a criação de um Programa Nacional de Economia Solidária aponta para uma prática necessária à expansão do movimento, qual seja: o comprometimento do poder público, através da implementação de políticas públicas de economia solidária para o fortalecimento da Economia para a Vida, injetando recursos na afirmação das atividades econômicas que priorizam o bem viver dos cidadãos e cidadãs, contrapondo-se a excludente política neoliberal que apenas prioriza a geração do lucro e ampliação da acumulação do capital, até porque, parafraseando Cristo, “Não é possível servir a Deus e ao capital”. (Mt 6, 24)...

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